segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

três músicas

Música 1

Desce um padre do altar, aproxima-se da sua major imagem de redenção, ajoelha-se e pede perdão a Deus.
“Perdoa-me ter sido a pessoa que fui, perdoa-me todo o sofrimento que te causei, perdoa-me não ter seguido a tua doutrina”
Monsenhor Noé atravessa o hall da igreja e dirige-se à mais alta torre do Duomo de Milão. Sobe os 148 degraus da mesma, passando por aberturas sem vidro, a chuva torrencial aliada ao frio cortante servem de princípio de tortura. O castigo máximo aproxima-se. O sentimento de não redenção impera na sua alma. Chegando ao cimo da torre, começa a palmilhar a cobertura de mármore, lívido com a luz dos trovões que não deixam de cair. O barulho ensurdecedor atropela a sua reza contínua: “perdoa-me ter sido a pessoa que fui, perdoa-me todo o sofrimento que te causei, perdoa-me não ter seguido a tua doutrina”.
Noé aproxima-se da gárgula, olha sobre Milão, deixa cair uma lágrima e por fim apela a Deus:
“Perdoa-me ter seguido o demo…”
Música 2
Vamos sair? Vamos curtir? Hoje está-me mesmo a apetecer electro. Lux?! Green?!
Não posso, meu… a Mariana não me deixa sair assim todos os dias!
Não sejas assim, nunca sais com os amigos. Hoje é dia de diversão, apetece-me beber umas imperiais, umas amêndoas, apetece-me explodir de sensações! Já te contei que comprei uma ESP?
Não?!
Tou a falar sério, tem um som brutal! Não tenho parado de rasgar com aquilo. Faz-me lembrar do verão, da diversão… Hoje é o fim do mundo!
Música 3
O sentimento da responsabilidade findada. Fantástico. Acabou-se o curso, acabaram-se as preocupações, relax relax relax! É hora de uma surfada. Baleal ao fim da tarde, o pôr-do-sol como painel e o mar a puxar por mim; como seria fantástico ter prancha.
Vestir o fato, sentir a água fria aquecer o corpo, por mais estranho que pareça; como seria fantástico poder andar.
Ricardo Albuquerque

Sem comentários: