Escrever sobre nada. O oposto da minha vida. Sempre tão espartilhada pelos temas, pela actualidade, pelo espaço, pelas fotos, pelas fórmulas. Aqui só sobrevive a pressão. A pressão dos prazos, a rapidez no dedilhar, a música para a inspiração. Que silêncio. Que estranho. Será que interessa a alguém a minha escrita, só por si, sem opiniões alheias, sem contraditórios. Sinto-me de novo a descobrir o fascínio da folha em branco. Ali. Disponível. Inteirinha só para mim. Isto quase parece um diário ou aquelas diarreias mentais que tinha em adolescente. Já não tenho idade para isto.
Gosto da música. Gosto de música. De clássica. Para escrever é o ideal. Costumo ouvir Chopin, os nocturnos tocados por Maria João Pires. Mas também gosto de me evadir do bruá alheio com sons do mar. E lembro-me sempre de uma vez que estava num avião a regressar do Brasil (por cima do oceano) e aquilo não parava de tremer, e eu - que também não parava de tremer - pus os auscultadores no programa de relaxamento. Acto contínuo, oiço: «Imagine-se no fundo do mar…» Tão adequado, pensei. E não me acalmei, como é óbvio.
Mas quando a música tem demasiado ritmo, ou letra intensa, deixo de ter concentração suficiente para me evadir – e lá se vai, em sonhos, a sala escura das massagens. É superior a mim. Começo imediatamente a trautear a letra (se não a souber de cor, invento), o corpinho, a medo, vai bamboleando-se, o pé a bater ao ritmo. Que se lixe o texto. Gosto mesmo de dançar. De música, de letras em inglês. Foi a achar que cantava essas letras que aprendi a língua, ou a ver desenhos animados com legendas ou filmes. Do Hitchcok, no quarteto. Eu e a minha mãe. Vimo-los todos. Que bons que eram. Que são. Tenho pena de já não ter essa disponibilidade para o cinema e com isso as saudades do tempo em que não era super mãe. Tento furar o esquema sempre que posso. Aproveitar horas de almoço, encher-me de go natural nas cadeiras do cinema do Oeiras Parque. Sozinha. Sozinha, mesmo, só eu e o senhor «Cine Paradiso». Sabe a pouco, até porque os filmes que por lá passam deixam muito a desejar. A propósito: tive uma surpresa no último que vi. Ao ler o genérico descobri que um dos meus formadores (que raio de nome, mas também assim de repente não arranjo outro) fazia parte do elenco. Se sentir saudades disto, posso sempre (re)vê-lo no grande ecrã.
Gosto da música. Gosto de música. De clássica. Para escrever é o ideal. Costumo ouvir Chopin, os nocturnos tocados por Maria João Pires. Mas também gosto de me evadir do bruá alheio com sons do mar. E lembro-me sempre de uma vez que estava num avião a regressar do Brasil (por cima do oceano) e aquilo não parava de tremer, e eu - que também não parava de tremer - pus os auscultadores no programa de relaxamento. Acto contínuo, oiço: «Imagine-se no fundo do mar…» Tão adequado, pensei. E não me acalmei, como é óbvio.
Mas quando a música tem demasiado ritmo, ou letra intensa, deixo de ter concentração suficiente para me evadir – e lá se vai, em sonhos, a sala escura das massagens. É superior a mim. Começo imediatamente a trautear a letra (se não a souber de cor, invento), o corpinho, a medo, vai bamboleando-se, o pé a bater ao ritmo. Que se lixe o texto. Gosto mesmo de dançar. De música, de letras em inglês. Foi a achar que cantava essas letras que aprendi a língua, ou a ver desenhos animados com legendas ou filmes. Do Hitchcok, no quarteto. Eu e a minha mãe. Vimo-los todos. Que bons que eram. Que são. Tenho pena de já não ter essa disponibilidade para o cinema e com isso as saudades do tempo em que não era super mãe. Tento furar o esquema sempre que posso. Aproveitar horas de almoço, encher-me de go natural nas cadeiras do cinema do Oeiras Parque. Sozinha. Sozinha, mesmo, só eu e o senhor «Cine Paradiso». Sabe a pouco, até porque os filmes que por lá passam deixam muito a desejar. A propósito: tive uma surpresa no último que vi. Ao ler o genérico descobri que um dos meus formadores (que raio de nome, mas também assim de repente não arranjo outro) fazia parte do elenco. Se sentir saudades disto, posso sempre (re)vê-lo no grande ecrã.
Luísa Oliveira
10 comentários:
adorei isto
Lulu,
Adorei o texto. Estou a minutos do Oeiras Parque, e sou fã do Go Natural, a querer companhia para o cinema é só dar uma apitadela que lá estarei (menos esta semana que a escarlatina acabou de assentar arraiais na pequenada cá da casa)
Beijinhos
psst psst. Eu tb estou a minutos do Oeiras PArque! Dá para ir também? (se não quiserem que me cole compreendo obviamente. mas choro. eh eh eh eh)
Por mim a colagem está perfeita.
mas afinal o oeiras parque é o centro do mundo! e eu a pensar que trabalhava longe de tudo...
ah, claro, quando lá for ao cinema aviso
O Oeiras Parque é praticamente a minha segunda casa (compras, café-livraria, lavandaria...)
Também me candidato ao "cineminha".
Beijinhos
Mónica
É oficial estamos todos ao pé uns dos outros não absolutamente razão nenhuma para não combinarmos uns cafezinhos literários. Eu ADORO a Bulhosa, tanto o café como a imensa proximidade aos livros.
isto é kreepy. já nos devemos ter cruzado dezenas de vezes.
Pois é! E aproveito para deixar aqui um apelo, ao passarem por mim, se virem (MESMO QUE VOS ESTEJA A OLHAR DIRECTAMENTE PARA A CARA) que me preparo para não vos falar acenem! Por favor! Sou muito pitosga e as caras a mais de 3 metros são como pequenas nuvens... Obrigada. E aguardo o encontro nacional de criativos no oeiras parque (em frente à natura selection) eh eh eh
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