segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

#10

Uma pessoa pensa que tem tudo programado e agora isto. Dez anos. Há dez anos que não a via e encontro-a nesta figura de mulher fatal, na qual mal reconheço a menina que em 99 se me pendurou no pescoço pela última vez e ainda por cima com ar de quem me quer tramar. Porque me odeia? Não me recordo de lhe ter feito mal, mas para falar verdade não me lembro das circunstâncias que nos afastaram, a mim e a Anna, por isso é natural que Erika me odeie. Faz sentido que oculte uma mágoa antiga e uma sede de vingança que poderá, com a ajuda deste gajo - Boris Vozone, ouvi-a chamar-lhe - concretizar. Porra. Afinal sou mesmo o pai da filha da Anna.

- Vais dizer-me onde me levam?
- Não. Aguarda. Não falta muito. - Respondeu lacónica com um esgar de sorriso que o intimidou.
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Pelo menos o envelope está a salvo. Enquanto só eu souber onde se encontra não me farão mal. Aparentemente ela é minha filha. Mas isso não tem significado. Sou um meio para atingir um fim e nada mais. Não sei se me importo.

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