terça-feira, 6 de janeiro de 2009

# 2

Deixa-se estar.
Pouco a pouco elas vão aparecer, como sempre e, na pior altura. Então deixa-se estar.

Memórias de uma noite mal dormida, merdas de uma vida inteira.
Vira-se de lado. Espera. Aconchega-se de novo, pensa num cigarro e deleita-se no bafio, espreita meio-quarto. De hotel. Provavelmente o mesmo de sempre. De terceira. Paredes inteiras feitas do nada, debrum cor-de-rosa e carpete daquelas. Os passos fazem-se rápidos, cyborgs. Provavelmente homens de negócio ou, burocratas.

Um aspirador. Ruído francês. Mulheres que discutem, portas que abrem e fecham, o cheiro do café (ah, e uma Perrier, uma coisa fresca), os burocratas que entram e saem e, a porta. Sem número. Ouve-se uma chave. Espera. Continua de lado. Provavelmente é o mesmo de sempre, ou não.
Porque as mulheres falam francês.
Porque está muito frio.
Porque apanhou o tal avião.

Sem comentários: