outro bom exercício, por Luísa Oliveira
Ana tem 42 anos, leva dois filhos pela mão – Guilherme e Miguel (como o pai), de 7 e 9 anos. Está separada do marido desde 2004 e ficou com a guarda das crianças. Antes de se divorciar, tinha uma vida folgada.
É engenheira química e trabalha para o Instituto Nacional da Água. Ainda é funcionária pública, portanto. O ordenado chega-lhe à conta para educar os dois filhos. O marido trocou-a pela secretária (mais nova, claro!) e pouco liga à descendência, monetária e afectivamente falando.
Ana está bem conservada para a sua idade. Mede 1, 70 e pesa 60 quilos. Gosta de se arranjar pela manhã, mantém as unhas impecáveis e o cabelo com as madeixas sempre em dia (feitas em casa desde que o dinheiro escasseia). Usa sempre sapatos de salto alto e roupa de executiva (quando precisa de algo novo, pede emprestado à irmã, mais bem posta na vida do que ela).
Tem alguns fãs no trabalho, casados e maus partidos. Que ela despreza, obviamente.
Ainda não voltou a estar com um homem, desde que se separou do marido, com quem namorava desde o liceu. É mulher de um homem só, portanto.
Mas, no seu íntimo sonha em vingar-se dele, arranjando um namorado mais novo, musculado e com brinco na orelha. Falta-lhe a coragem, pois já nem se lembra como é que se namora. Além do mais… há os dois filhos – dois verdadeiros terroristas – que não lhe dão a mínima hipótese de arejar. Ocupam-lhe todo o tempo livre e não há quem suporte ficar com eles para ela poder fazer vida de solteira. Os pais já são bastante velhinhos e vivem na terra, perto da Guarda. A irmã tem mais do que fazer. O marido é quando o rei faz anos (a secretária não tem paciência para os meninos insolentes). E não tem dinheiro para babysitters.
É por isso que, quando entra na escola todas as manhãs, só consegue disfarçar o ar de quem já foi atropelado por um comboio, à custa de uma maquilhagem bem aplicada (e de muitos anos de prática).
As manhãs são o seu maior tormento. Acorda às sete para poder sair de casa como gosta, sem lhe assentar uma poeira. Acorda os miúdos meia hora depois, que se levantam já a resmungar. Veste-os, arranja-lhes o pequeno-almoço. Não há tempo para mimos ou beijos. Lá em casa, eles movem-se mais ao som de gritos. Até os deixar nas aulas, às nove, na escola pública da zona cosmopolita onde vive, em Lisboa, estica os nervos até ao infinito.
Volta para casa por volta das sete. Os filhos já lá estão com Ermelinda, uma empregada que faz 3 horas por dia, e os vai buscar às cinco e meia. Ela deixa o jantar amanhado para os meninos. Ela só come sopa e um iogurte. Todos os dias.
Às 22h30 já está na cama a ver o CSI. Adormece com a televisão ligada, abraçada à almofada, sonhando com os tempos de casada, quando era feliz e não tinha problemas de dinheiro.
O seu maior escape são as horas de almoço, quando come um queijo fresco aberto numa salada de alface e tomate, ao balcão do restaurante que fica mesmo ao lado do Instituto. É durante esse 45 minutos que pode falar á vontade com as colegas, com quem se dá muito bem, sobre as suas infelicidades com os homens. Há outras histórias parecidas à dela e isso dá-lhe conforto.
Já andou num ginásio, onde ia religiosamente três vezes por semana, mas com o divórcio teve de cortar nas coisas menos importantes, como essa mensalidade.
Anda de olho num giraço que almoça no mesmo sítio que elas, mas ele parece nem a ver.
É engenheira química e trabalha para o Instituto Nacional da Água. Ainda é funcionária pública, portanto. O ordenado chega-lhe à conta para educar os dois filhos. O marido trocou-a pela secretária (mais nova, claro!) e pouco liga à descendência, monetária e afectivamente falando.
Ana está bem conservada para a sua idade. Mede 1, 70 e pesa 60 quilos. Gosta de se arranjar pela manhã, mantém as unhas impecáveis e o cabelo com as madeixas sempre em dia (feitas em casa desde que o dinheiro escasseia). Usa sempre sapatos de salto alto e roupa de executiva (quando precisa de algo novo, pede emprestado à irmã, mais bem posta na vida do que ela).
Tem alguns fãs no trabalho, casados e maus partidos. Que ela despreza, obviamente.
Ainda não voltou a estar com um homem, desde que se separou do marido, com quem namorava desde o liceu. É mulher de um homem só, portanto.
Mas, no seu íntimo sonha em vingar-se dele, arranjando um namorado mais novo, musculado e com brinco na orelha. Falta-lhe a coragem, pois já nem se lembra como é que se namora. Além do mais… há os dois filhos – dois verdadeiros terroristas – que não lhe dão a mínima hipótese de arejar. Ocupam-lhe todo o tempo livre e não há quem suporte ficar com eles para ela poder fazer vida de solteira. Os pais já são bastante velhinhos e vivem na terra, perto da Guarda. A irmã tem mais do que fazer. O marido é quando o rei faz anos (a secretária não tem paciência para os meninos insolentes). E não tem dinheiro para babysitters.
É por isso que, quando entra na escola todas as manhãs, só consegue disfarçar o ar de quem já foi atropelado por um comboio, à custa de uma maquilhagem bem aplicada (e de muitos anos de prática).
As manhãs são o seu maior tormento. Acorda às sete para poder sair de casa como gosta, sem lhe assentar uma poeira. Acorda os miúdos meia hora depois, que se levantam já a resmungar. Veste-os, arranja-lhes o pequeno-almoço. Não há tempo para mimos ou beijos. Lá em casa, eles movem-se mais ao som de gritos. Até os deixar nas aulas, às nove, na escola pública da zona cosmopolita onde vive, em Lisboa, estica os nervos até ao infinito.
Volta para casa por volta das sete. Os filhos já lá estão com Ermelinda, uma empregada que faz 3 horas por dia, e os vai buscar às cinco e meia. Ela deixa o jantar amanhado para os meninos. Ela só come sopa e um iogurte. Todos os dias.
Às 22h30 já está na cama a ver o CSI. Adormece com a televisão ligada, abraçada à almofada, sonhando com os tempos de casada, quando era feliz e não tinha problemas de dinheiro.
O seu maior escape são as horas de almoço, quando come um queijo fresco aberto numa salada de alface e tomate, ao balcão do restaurante que fica mesmo ao lado do Instituto. É durante esse 45 minutos que pode falar á vontade com as colegas, com quem se dá muito bem, sobre as suas infelicidades com os homens. Há outras histórias parecidas à dela e isso dá-lhe conforto.
Já andou num ginásio, onde ia religiosamente três vezes por semana, mas com o divórcio teve de cortar nas coisas menos importantes, como essa mensalidade.
Anda de olho num giraço que almoça no mesmo sítio que elas, mas ele parece nem a ver.
1 comentário:
Continuo achar que este giraço se enquadra perfeitamente no amolador psicopata do Camolas.
Deixem fluir o amor!
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