quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A história de 'Pressas'



encomenda Go Car - outro forte candidato, por Andreia Moreira


Reza a história recente que um dia (há quem diga 22/11) um grupo de pessoas, com uma paixão desmedida pela escrita, foi até à Rua dos Douradores para uma aventura nos Gocar. Saíram 11“amarelinhos”. Lamentavelmente, um desses carrinhos (acelera disfarçada) finou-se na atribulada viagem e subiu ao paraíso automóvel onde está estacionado atrás do Herbie, seu primo em 7ºgrau. Os seus companheiros chamavam-no “Pressas” carinhosamente, embora de forma irónica, por não andar a mais de 50Km/h. Queria que as pessoas vissem tudo com calma “Não vos quero com as pressas costumeiras” gritava aos passageiros instigando-os a viver intensamente a experiência e a apreciarem o simples facto de sentirem o vento no rosto. Consta que morreu feliz na rota “BELÉM”. O que lhe ficou registado, por último no GPS, a isso leva a crer. Ora ouçam:
Os dias erguem-se soalheiros, cada vez que saio. É como se o sol soubesse que o tendo como aliado, vos posso fazer mais felizes. Ou isso, ou simpatiza comigo porque me visto da mesma cor. Seja como for, raras são as vezes em que não me acompanha cúmplice, erguendo-se sobre a cidade e incidindo nos ângulos que a tornam ainda mais bonita aos vossos olhos. Paramos? Vocês é que sabem. Vão explorar a pé os sítios onde não posso circular que eu espero aqui. Não deixem valores aí atrás! Tenho fechadura fraquita. Vocês são divertidos. Às vezes não me ouvem e tenho de vos pedir que me dêem uma suave pancadita na coluna direita que é meia preguiçosa. EU DISSE SUAVE! Temos outras rotas por isso tratem de voltar mais vezes. Vejo-vos genuína felicidade, sinto laços de amizade a estreitarem-se, percebo estar a ser um momento IMPORTANTE. Sei que a esta hora já esqueceram as complicações das vossas vidas e se permitem uma alegria de criança. Acenam às pessoas, perdendo a vergonha e poucas são capazes de ignorar o cumprimento. Uma senhora numa paragem de autocarro chegou a lançar-vos beijinhos em gestos efusivos. Viram? Talvez tenham roubado sorrisos à sua aparente solidão. Confesso que me estou a passar contigo que me guias, a tocar o “Jingle Bells” – dizes tu – a melodia não se parece remotamente com a música natalícia. É apenas a minha buzina monotónica a tocar incessantemente. Também estou a ficar apanhado dos amortecedores. Eu bem vos alerto - com o volume a 100 - “Olhem as tampas! Cuidado com a linha do eléctrico que me despisto!” e vocês, maçaricos, vão a todas. A 24 de Julho está a ser um pesadelo, sei que já perdi peças neste trajecto. Estão-me a castigar pelo insignificante pormenor de me faltar a marcha-atrás? Jerónimos. Hey o que é que estás a fazer? Não tens jeitinho nenhum para as curvas, valha-me Nosso Amortecedor. Peões connosco? Andam em sentido contrário? Senhor polícia ponha ordem niiisto! Aiaiaaaa! Ai Santo Carburador que já fui…Parceiros? - Voz fraquinha - Digam aos nossos proprietários que não castiguem o grupo! Não há melhor recompensa (depois do gasóleo e da limpeza a seco) do que estas gargalhadas sinceras. Parto feliiiz!

Epílogo: É baseando-me na última frase registada no GPS, que de forma brilhante constato que o “Pressas” morreu feliz.

CORPO DE TEXTO: 2996 caracteres com espaços (O epílogo não conta)

2 comentários:

LFB disse...

REVISÃO:

Um óptimo trabalho que consegue ao mesmo tempo servir os propósitos da encomenda (é fundamental, evidentemente, agradar ao cliente) e ter um lado terno, intimista - que já é característico do teu estilo. Parabéns. Por mim, vejo a Go Car muito agradada com esta prenda.

Andreia Azevedo Moreira disse...

:) Fico feliz por tudo. Obrigada pelo pronto feed-back. Bjinhos.