Quando anunciaram o simulacro de sismo em Lisboa, ninguém esperava uma invasão tamanha de carrinhos amarelos, conduzidos aos pares por uns tais de criativos da escrita, que devidamente equipados com uns estranhos capacetes negros ao estilo Calimero goes Black, causaram o pânico dos transeuntes na rota Baixa – Belém, deixando mesmo, em alguns turistas, memórias de difícil esquecimento.
A partida deu-se, na Rua dos Douradores, sede da Go Car Tours, um dos mais conhecidos esconderijos de criatividade da Capital Lisboeta, com concentração prevista junto do Mercado da Ribeira, para alinhamento da mais louca corrida jamais vista pelos alfacinhas, e pelos outros também. Diz-se que o grupo era liderado por uma tal de GPS de voz melosa, que lhes ia ditando caminhos e comportamentos. Os mais estranhos parecem ter ocorrido face ao Hospital Egas Moniz, onde os corredores lançaram palmas e gritos de “urra” ao galardoado cientista português, incitando os populares ao mesmo comportamento desviante. Já anteriormente, na zona da Av. 24 Julho, mais precisamente junto às instalações do Ministério da Educação, há menção da GPS ter falado do costume português, de “atomatar” os edifícios públicos (Patrocínio - Lugar da Ti Jaquina, “onde o legume é sempre fresco, Mercado da Ribeira, piso térreo)
A situação mais grave, parece contudo ter ocorrido junto aos Jerónimos, onde no auge da corrida, o grupo terá sido abordado pelas autoridades policiais, que invejosos da magnitude, brilho e total incapacidade dos carrinhos amarelos em passarem despercebidos, montaram um verdadeiro cerco policial ao grupo, impedindo a boa continuidade da prova. Os “pontos negros” foram posteriormente vistos a entrar, em fila indiana (Patrocínio do Tandori Bastami), nos Pasteis de Belém, onde causaram tamanha sensação, que muitos dos turistas foram vistos a abandonar o local de pastel enterrado nos dentes e flyer publicitário na mão, recorrendo a táxis, eléctricos, e na maioria dos casos, às suas próprias pernas, numa estranha corrida em direcção à sede da Go Car Tours. Segundo relato da Protecção Civil, os corredores, confundidos pela população, com um perigoso grupo de doentes mentais evadidos, não pertenciam ao grupo de figurantes do simulacro.
João Mendes, um dos responsáveis pela GO Car Tours, veio igualmente a público negar responsabilidades remetendo o assunto para as Produções Fictícias, que perante a celeuma confirmaram tratar-se duma necessária ” intervenção à criatividade” dos formandos do Curso de Escrita Criativa.
4 comentários:
REVISÃO:
um texto muito bem equilibrado entre o estilo leve, humorístico e o timbre da peça noticiosa. Em bom português, como sempre, faz um excelente e apelativo resumo da aventura e - simultaneamente - cumpre o objectivo de agradar ao cliente. É uma "notícia" que ficaria pefeita no site da Go Car. Bom trabalho!
Obrigada =)
Fiquei muito contente com a revisão.
Aquilo que foi mesmo mais dificil, foi associar ao TPC um outro exercicio pessoal - vamos lá escrever isto sem utilizar a muleta do "que", pelo menos tentar.
Curiosamente cumprir o numero de caracteres tambem foi um desafio interessante. Fazer a leitura final, verificar que há ideias que absolutamente não quero perder, e ter de pensar "e agora como é que as ponho com menos palavras mas mantendo a ideia geral?" Numas acho que fiz melhor serviço do que noutras, mas tenho que dizer que fiquei relativamente contente com o texto final.
Há uma coisa engraçada: quase todos se queixam de ter de encurtar os textos. Acho que sou muito "economicista" com as palavras. Confesso que me ia dando um treco quando li 3000 caracteres (há toda uma carga psicológica nos números. "uma página A4" é um tamanho com o qual estou confortável).
oh Joana, mas eu estou contigo quando vi o numero de caracteres tambem pensei "foge tomara eu escrever 10 linhas", mas depois curiosamente (daí a utilização do termo) a coisa foi-me correndo bem, e acabei até por ter de retirar um magnifico trecho que reproduzia a perseguição que eu e a catarina protagonizamos atrás do bm que levava o LFB e o nosso intuito de o fustigar por conta das graçolas aos filmes europeus.
Mas até te digo que um dos problemas que eu detecto na minha escrita é a de, por vezes, pecar por excesso. Antes fosse economicista.
Less is more - foi um dos ensinamentos que me ficaram deste workshop.
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