Querido diário,
Isto de trabalhar, há 30 anos, na secção de anúncios de um jornal está, de facto, a transformar-se num problema. Dificilmente falo como os demais. Expresso-me ao jeito de telegrama: frases curtas, sem regras gramaticais. «Vendo carro. Só um dono. Em bom estado.» Passo o dia nisto vai para três décadas. Vi a coisa evoluir… mas no que toca à linguagem, nada. Dantes, ditava-se por telefone, agora manda-se por mail. Sempre no mesmo registo de economia de frases. Cada palavra a mais, 5 cêntimos.
Às vezes penso em alguns escritores, jornalistas, cronistas. Eles, sim, deveriam sentar-se todos os dias na minha cadeira para aprenderem a não desperdiçar verborreia.
Querido diário,
Estava angustiada da última vez. Hoje estou melhor. Mudei de emprego. Agora trabalho nos CTT, na secção de telegramas. Foi um prémio pela minha dedicação aos anúncios. Deixo-te aqui um enviado há minutos, como prova da vilanagem reinante.
«Primo. Perdi o telemóvel. Stop. Escrevo daqui de Lisboa. Stop. Preciso dinheiro urgente. Stop. Manda na volta do correio 500 euros. Stop. Fui ao casino deixei lá ordenado. Stop. Prometo recompensar-te em breve. Stop. Quando chegar teu dinheiro, volto lá e recupero a massa. Stop. Aí na aldeia, tudo bem?»
Tudo bem, uma ova… Vê se dormes bem, querido diário. Eu vou tentar, pelo menos.
Luísa Oliveira
Isto de trabalhar, há 30 anos, na secção de anúncios de um jornal está, de facto, a transformar-se num problema. Dificilmente falo como os demais. Expresso-me ao jeito de telegrama: frases curtas, sem regras gramaticais. «Vendo carro. Só um dono. Em bom estado.» Passo o dia nisto vai para três décadas. Vi a coisa evoluir… mas no que toca à linguagem, nada. Dantes, ditava-se por telefone, agora manda-se por mail. Sempre no mesmo registo de economia de frases. Cada palavra a mais, 5 cêntimos.
Às vezes penso em alguns escritores, jornalistas, cronistas. Eles, sim, deveriam sentar-se todos os dias na minha cadeira para aprenderem a não desperdiçar verborreia.
Querido diário,
Estava angustiada da última vez. Hoje estou melhor. Mudei de emprego. Agora trabalho nos CTT, na secção de telegramas. Foi um prémio pela minha dedicação aos anúncios. Deixo-te aqui um enviado há minutos, como prova da vilanagem reinante.
«Primo. Perdi o telemóvel. Stop. Escrevo daqui de Lisboa. Stop. Preciso dinheiro urgente. Stop. Manda na volta do correio 500 euros. Stop. Fui ao casino deixei lá ordenado. Stop. Prometo recompensar-te em breve. Stop. Quando chegar teu dinheiro, volto lá e recupero a massa. Stop. Aí na aldeia, tudo bem?»
Tudo bem, uma ova… Vê se dormes bem, querido diário. Eu vou tentar, pelo menos.
Luísa Oliveira
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