NOTA PREPARATÓRIA: Estou de gabardine e chapéu tipo detective enquanto escrevo/leio o texto.
Sábado vinha muito nervosa. Estaciono o carro e depois de olhar para a placa que diz “Pago dias úteis das 8h às 20h” pergunto ao polícia junto do meu carro confirmando o desnecessário: “Não se paga?”. Ele olha para a placa e profere as palavras “Diz dias úteis” ao que eu respondo decidida “Dias úteis”. Agradeço-lhe e sigo para o hotel. Detecto o meu futuro grupo. “Estão aqui para o curso?” Confirmo de novo. (Sou aquela pessoa que gosta de confirmar o que raramente necessita de confirmação). Dizem-me que sim. O ambiente é tenso. Estamos todos com cara de prisão de ventre, como quem já não faz vai para oito dias. Bem, eu não podia ver a minha cara, mas estava de facto com prisão de ventre. O Nuno e o Luís amenizam a coisa. Tentam aliviar-nos do medo de fazermos figura de parvos. É irremediável que o façamos, por isso mais vale que nos habituemos à ideia. Uma vez apresentados, um caso salta à vista: Antónia. Desde esse momento uma palavra a martelar-me na cabeça: VAQUINHA, VAQUINHA, VAQUINHA. Não a Antónia obviamente. Mas aquilo que podemos fazer por ela. 15€ cada um não custa nada e vai ajudá-la! Quando os vir de novo proponho-lhes isto. Sinto que aprendi muito e que guardei muito também, apenas com a primeira sessão. Não posso destacar o que mais me marcou porque há muito que ultrapassei as 10 linhas (se um anexo não contar para as dez linhas ainda vos digo…) e isto no máximo vai para um satisfaz fraquinho. Não posso, no entanto, deixar de contar que fui acometida por doença psicossomática que me deixou com as mãos a tremer o tempo todo, o coração descompassado e a voz ridiculamente tremida. Continuo hoje, como desde o primeiro dia em que senti o prazer de uma caneta na mão, absoluta e irremediavelmente apaixonada pela escrita e agora percebo, por todas as vertentes que encerra. Chego ao carro e passa a música ALIVE dos Pearl Jam na rádio. Sinto-me viva sim senhora! E agora se me dão licença, acho que o pursenide começa a fazer efeito…
Andreia Moreira
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